ENCICLOPÆDIA
BIOGRÁFICA DE
ARQUITETAS e ARQUITETOS
DIGITAL
"EBAD" - DESDE 2015 - by Prof. Arq. Silvio Durante
"Na arquitetura o art déco concilia aspectos inovadores e vínculos com o passado. Da arquitetura Beaux-Arts recupera o viés decorativo, expresso na volumetria em composições marcadas pelo jogo de formas geométricas e/ou em fachadas com elementos de conotação ornamental (...) O aspecto inovadoro art déco situa-se na frequente simplificação geometrizante de seus elementos decorativos e na diversificação e atualizaçã de suas fontes de referência ornamental."
Profa. Telma de Barros Correia, USP, 2010
Definição e comentários históricos-críticos
A linguagem arquitetônica Art Déco
O termo Art Déco é de origem francesa e trata-se de uma abreviação de da expressão "arts décoratifs", e foi um estilo decorativo que predominou nas artes plásticas, artes aplicadas (design, mobiliário, decoração etc.) e arquitetura no entreguerras europeu. O marco inicial deste estilo é comumente atribuído à Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, realizada em Paris em 1925.
O art déco tem sua origem no estilo art nouveau, que por sua vez está ligado ao Arts and Crafts Movement, da Inglaterra. Mas enquanto o o art nouveau explora as linhas sinuosas e assimétricas tendo como motivos fundamentais as formas orgânicas, o padrão decorativo art déco segue outra direção: predominam as linhas retas ou circulares estilizadas, as formas geométricas e o design abstrato. Não se trata, contudo, de uma negação de seu antecessor, mas osurgimento e consolidação do Art Déco está muito mais atrelado a um processo histórico de mudança no ambiente econômico, tecnológico e social e consequentemente uma transformação radical na cultura ocidental.
Segundo os críticos, o estilo puro e limpo do art déco dirige-se muito mais ao moderno e às vanguardas do começo do século XX, beneficiando-se de suas contribuições. O cubismo, a abstração geométrica, o construtivismo e o futurismo deixam suas marcas na variada produção Art Déco. É importante salientar que todos estes estilos foram contemporâneos, hora influenciados, hora influenciadores uns dos outros. Está errada, portanto, a ideia que reduz o Modernismo como estilo que veio depois do Art déco, ao contrário, ambos estilos caminharam paralelamente na primeira metade do XX, mas o Modernismo teve uma sobrevida de algumas décadas a mais que o Déco.
É notório que a monumentalidade inspirada pelo Art Déco fez despertar o interesse de regimes autoritários e totalitários por este tipo de composição. Não por acaso os regimes fascistas da Itália e Alemanha adotaram amplamente o Art Déco em seus edifícios, enquanto o stalinismo vigente na URSS também utilizou-se do mesmo mecanismo em suas obras públicas. O Brasil de Vargas (Estado Novo) também flertaria com o Art Déco em suas diversas obras públicas. A monumentalidade do Art Déco é facilmente explicável por conta de suas origens, que buscaram fontes históricas e referências nas releituras das mega construções do passado oriental, principalmente a arquitetura faraônica egípcia, mas também do povo babilônico. É comum associarmos o escalonamento de um arranha-céu Art Déco com um zigurate mesopotâmico.
Mas sua vinculação com a era industrial também fez florescer o Art Déco em ambientes democráticos, como no Estados Unidos, negando em partes a tese daqueles que identificam o Art Déco apenas com os autoritarismo do século XX. Os grandes arranha-céus norte americanos são os exemplos mais famosos do emprego do Art Déco na arquitetura.
No Brasil, a linguagem art déco em arquitetura se expressou inicialmente, sobretudo, em projetos que buscavam traduzir uma noção de modernidade vinculada a programas novos.
Este foi o caso dos arranha-céus que testemunharam a passagem de nossas capitais à condição de metrópoles; de edifícios institucionais que abrigavam funções de um Estado que se modernizava e expandia; de lojas de departamento que
introduziam um novo conceito de comércio; e de cinemas, clubes e emissoras de rádio que difundiam formas novas de diversão, cultura e lazer. Rapidamente, entretanto, o estilo se difundiu, aplicado em fábricas, igrejas e em lojas e moradias
de pequeno porte.
Nos arranha-céus a altura era sublinhada por composições escalonadas e/ou por elementos verticais de coroamento.
Em edifícios institucionais, pretensões de monumentalidade eram favorecidas por composições de matriz clássica. Os recursos cenográficos que a linguagem déco oferecia eram solidários com o glamour e magia suscitados pelo cinema. Em fábricas tal vocabulário conciliava uma imagem de modernidade com parcimônia de meios e economia de custos.
(Texto adaptado de Correia, T. (2017). O art déco na arquitetura brasileira. Revista UFG, 12(8) )
No Brasil ...
Entre os recursos que integraram o repertório formal do art déco na arquitetura situam-se: marquises; balcões em balanço; colunas, frontões, óculos, capitéis, pilastras, platibandas e volutas de formas simplificadas; gradis e caixilhos de metal, inclusive do tipo basculante; ornatos em alto ou baixo relevo representando formas geométricas, temas florais simplificados ou linhas retas ou em ziguezague; uso cenográfico da luz através do néon ou de vitrais; texturas nas superfícies; padrões esquemáticos de cores; volumes, vãos e superfícies escalonadas. A construção pode estruturar-se através de uma composição volumétrica integrando formas geométricas, como prismas retangulares, elementos cilíndricos, volumes arredondados ou planos verticais ou horizontais.
Em parte das construções, as referências à linguagem déco se restringiam a detalhes ornamentais aplicados em fachadas de construções cujas características – em termos de implantação, tecnologia, volumetria e organização dos espaços – seguiam modelos atrelados ao passado. Em outros casos, entretanto, o repertório formal art déco foi empregado em construções inovadoras em termos de programa e de técnicas construtivas (estruturas de concreto armado, os caixilhos de metal, etc.).
Alguns arquitetos do Art Déco
- Referencias:
- ART Déco. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo352/art-deco>. Acesso em: 29 de Dez. 2019. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
- Correia, T. (2017). O art déco na arquitetura brasileira. Revista UFG, 12(8). Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/48295 Acesso em 25 de dezembro de 2019.
- Instituto Art Déco Brasil - site oficial: http://www.artdecobrasil.com/
- Oliveira, Marcel Steiner Giglio de. Arquitetura em São Paulo na Era Vargas - o art déco e a arquitetura fascista nos edifícios públicos (1930 -1945). Disponivel em https://teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-16032010-093020/en.php Acesso em 29 de dezembro de 2019.
Como citar este documento:
Enciclopædia Biográfica de Arquitetos Digital
Autor(es) do verbete: DURANTE, Silvio.
Título: Art Déco
Documento nº: E.A.01
Disponível na Internet via: http://www.ebad.info/art-deco
Última atualização: 26/12/2019