Procópio de Cesareia foi um importante historiador bizantino do século VI, cujas obras constituem hoje a principal fonte de informação acerca do reinado de Justiniano I.

 

De sua própria vida, pouco se sabe além das informações contidas no "Suda", uma enciclopédia bizantina escrita quase 300 anos depois da morte de Procópio, já no século X. Porém nela apenas aparecem dados em relação às origens de Procópio, na cidade de Cesareia, na Palestina.

 

Procópio estudou os clássicos gregos e foi um jurista, no anode 527, tornou-se conselheiro legal do general Belisário. Procópio acompanhou Belisário em todas suas campanhas militares, como a Revolta de Nika, em 532, as batalhas contra os reinos vândalos e a luta contra os reinos godos na Italia, em 537 e 538, até a vitória dos bizantinos em 540.

 

Depois dessas campanhas militares, ele deixa de servir ao general Belisário e volta para Constatinopla, que naquela altura dos fatos já era uma das cidades mais importantes do mundo. Sobre a vida posterior de Procópio nada se sabe, exceto que recebeu o título de "illustris" em 560. É possível que chegasse a ser prefeito urbano de Constantinopla em 562-563 (pois nestes anos houve um prefeito de Constantinopla com o mesmo nome).

 

Suas principais obras são a "História das guerras", a respeito das guerras travadas pelo Império Bizantino durante o reinado de Justiniano I, de muitas das quais ele próprio participou. A "História secreta", que fala das conspirações e vida na corte imperial bizantina de Justiniano e da imperatriz Teodora.

 

E por fim o livro "Sobre os edifícios de Justiniano" é um importante documento sobre as obras públicas de Justiniano.

 

Acredita-se que ele começou a escrever esta obra antes do colapso da primeira cúpula da Igreja de Santa Sophia em 557. O objetivo do livro é evidenciar Justiniano como um imperador cristão, que construiu igrejas para a glória de Deus e defesas para a segurança de seus súditos e que mostrou especial preocupação com o abastecimento de água. Ele relata as construções de novos aquedutos, bem como o restauro de outros.

 

Sabe-se a partir de estudos arqueológicos que algumas obras relatadas no livro não são de Justiniano, mas iniciadas antes de seu reinado, por outros governantes bizantinos, mas Procópio relata como sendo do imperador. Entretanto a intenção de Procópio era criar uma imagem de um grande estadista através das obras públicas de seu período de reinado.

 

Além das cosntruções de igrejas, são relatadas obras de palácios e ainda uma quantidade significativa de obras de urbanização, como a contenção de locais propícios a enchentes, a construção de estradas, medidas sanitaristas e a descrição da famosa ponte de Sangarius, que atravessara o rio Sakarya, na península da Anatólia, com 430 metros de comprimento, sete pilares de sustentação separados por um arco entre cada pilar, totalmente em pedra calcária. A maior ponte construída até então.

 

A descrição das edificações é feita em grande estilo, mostrando que Procópio conhecia muito bem os detalhes, tecnicas construtivas, materiais utilizados, métodos de construções e finalidades das mesmas, reforçando a tese de que ele era, não apenas um relator de obras, mas também um arquiteto, embora bem menos famoso do que Antemio de Trales e Isidoro de Mileto, os construtores da Basílica de Santa Sofia.